segunda-feira, 25 de julho de 2011

Marco Referencial em Agroecologia

Mattos, Luciano (org.)
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Se há alguns anos a Agroecologia se apresentava distante dos debates sobre desenvolvimento rural, atualmente goza de crescente reconhecimento público. Essa evolução explica-se pelo fato de que dinâmicas sociais de inovação agroecológica em curso, nas várias regiões do País, não tiveram que esperar pela construção de sua credibilidade no mundo acadêmico para que pudessem se desenvolver e demonstrar seus benefícios para a vida de populações rurais historicamente marginalizadas e para a conservação dos ecossistemas em que elas vivem e produzem. É nesse sentido que podemos falar em Agroecologia tanto como enfoque científico quanto como movimento social.
Como ciência, ela vem sendo sistematizada desde a década de 1980, dotando os então denominados movimentos de agricultura alternativa de maior consistência conceitual e metodológica. Como movimento social, tem permitido trazer para o debate público a questão do poder da ciência sobre o desenvolvimento da sociedade, realçando o caráter eminentemente político que há por trás das opções entre diferentes modelos tecnológicos empregados na agricultura.
O que a Agroecologia traz de novo é um embasamento conceitual e uma abordagem metodológica que permite articular especialistas de diversos ramos do conhecimento para que, juntos, em projetos de pesquisa multi, inter e transdisciplinares, avancem nos estudos sobre os fundamentos da sustentabilidade dos sistemas agropecuários.
Tendo como objeto de estudo o agroecossistema, a pesquisa em Agroecologia se orienta para o desenvolvimento de sistemas que potencializem os fluxos e ciclos naturais para que eles interatuem em favor do desempenho produtivo de cultivos e criações. Nisso ela se diferencia frontalmente da concepção que organiza os sistemas produtivos convencionais, desenhados para controlar o ambiente agrícola e simplificar suas redes de interações ecológicas por intermédio do aporte intensivo de insumos externos e energia não renovável.
A manutenção e o manejo de agroecossistemas biodiversificados é a principal estratégia da Agroecologia, por meio da qual efeitos de sinergia e sincronia entre seus componentes e subsistemas são promovidos, gerando crescentes níveis de autonomia técnica, estabilidade produtiva e resistência e resiliência ecológicas.

domingo, 24 de julho de 2011

Saúde e trabalho rural: o caso dos trabalhadores da cultura canavieira na região de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil

Neiry Primo Alessi 1
Vera Lucia Navarro 2
Resumo O presente trabalho destaca a análise do processo de trabalho do cortador da cana-deaçúcar na região nordeste do Estado de São Paulo, Brasil, buscando apreender os seus padrões de desgaste-reprodução. Com base em observações diretas, entrevistas com trabalhadores e outros agentes envolvidos na produção e consultas à bibliografia pertinente, a análise desenvolvida revela a exposição diária dos cortadores de cana a cargas físicas, químicas e biológicas, que se traduzem em uma série de doenças, traumas, ou acidentes a elas relacionadas: dermatites, conjuntivites, desidratação, cãimbras, dispnéias, infecções respiratórias, alterações da pressão arterial, ferimentos e outros acidentes; destacando-se também cargas biopsíquicas configurando padrões de desgaste manifestos através de dores na coluna vertebral, dores torácicas, lombares, de cabeça e tensão nervosa e outros tipos de manifestações psicossomáticas. O estudo desse processo de trabalho permitiu não apenas detectar as condições insalubres do trabalho, mas também delinear um quadro das condições e meios de que o capital se vale, no Brasil, no seu processo de auto-reprodução, particularmente, no setor agro-industrial.
Palavras-chave Saúde do Trabalhador; Trabalhadores Rurais; Acidentes do Trabalho; Saúde
Rural.

http://www.scielosp.org/pdf/csp/v13s2/1368.pdf

A TECNOLOGIA EM UM SETOR CONTROLADO: O CASO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA EM SÃO PAULO

WALTER BELIK

Resumo


O presente estudo procurou investigar o funcionamento do aparato de pesquisa agronômica voltado para a cana-de-açúcar em São Paulo. Para tanto, analisou-se a evolução da agroindústria canavieira paulista, destacando-se os saltos tecnológicos verificados nas últimas décadas. A partir desta caracterização, procurou-se comparar o funcionamento das instituições de pesquisa pública e do Centro de Tecnologia Copersucar, pertencente a um dos maiores conglomerados econômicos em atividade no Brasil. Tendo em vista este quadro comparativo, verificou-se uma virtual divisão de critérios e finalidades nas linhas de pesquisa em execução. Observou-se também, de maneira clara, como se dá o retorno sobre o investimento em uma instituição de pesquisa particular e as suas especificidades em termos de um setor sob controle do Estado. Por fim, apresentaram-se algumas considerações sobre o desenvolvimento da cultura de cana-de-açúcar no Brasil e seus possíveis desafios tecnológicos para os próximos anos.

Texto Completo: PDF

https://seer.sct.embrapa.br/index.php/cct/article/viewFile/9250/5284

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O QUE É O URBANO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

 Roberto Luís Monte-Mór

Conceitos centrais da vida contemporânea—política, civilização, cidadania—derivam da forma e organização da cidade. A cidade expressa a divisão sócio-espacial do trabalho e Henri Lefebvre propõe pensar sua transformação a partir de um continuum que se estende da cidade política ao urbano, onde se completa a dominação sobre o campo.
A efetiva passagem da cidade ao urbano foi marcada pela tomada da cidade pela indústria trazendo a produção—e o proletariado—para o espaço do poder. A cidade, lócus do excedente, do poder e da festa, cenário privilegiado da reprodução social, ficou assim subordinada à lógica da indústria. A cidade sofreu então um duplo processo: sua centralidade implodiu sobre si mesma e sua periferia explodiu sobre o entorno sob a forma de tecido urbano, que acabou por carregar consigo o germe da polis e da civitas. Assim, a práxis urbana, antes restrita à cidade, re-politizou todo o espaço social.
No Brasil, o urbano teve sua origem na política ao mesmo tempo concentradora e integradora dos governos militares que deram seqüência à centralização e expansionismo Varguista e interiorização desenvolvimentista Juscelinista. Hoje, o urbano-industrial se impõe virtualmente a todo o espaço social, na urbanização extensiva dos nossos dias.

Palavras chave: cidade, Lefebvre, urbano, urbanização extensiva

CEDEPLAR/FACE/UFMG - BELO HORIZONTE - 2006

http://mirage.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD%20281.pdf


sexta-feira, 15 de julho de 2011

A RESIGNIFICAÇÃO DO RURAL E AS RELAÇÕES CIDADE-CAMPO: UMA CONTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

João Rua
Contribuição para o debate acerca da conceituação do rural, travado por alguns dos principais autores da teoria social crítica, que focalizam este tema, e como eles teorizam sobre as territorialidades resultantes da interação entre o urbano e o rural. Os elementos obtidos nas principais abordagens, sugerem que uma outra dialética pode conduzir-nos à idéia de “urbanidades no rural”, considerando-as como manifestações de espaços híbridos, nos quais urbano e rural integram-se e todas as formas de combinações. Esta abordagem pode mostrar alternativas analíticas que atenuem as limitações das perspectivas principais.
Revista da ANPEGE, Nº 2 (2005)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

IGUAÇU (IAC-21) E ARAGUAIA (IAC-22): CULTIVARES DE TRIGO DE SEQUEIRO PARA O ESTADO DE SÃO PAULO

JOÃO CARLOS FELÍCIO, CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA CAMARGO, BENEDITO DE CAMARGO BARROS e POLICARPO VITTI
Em experimentos localizados nas principais regiões tritícolas paulistas, comparou-se a produtividade e as reaçdes aos agentes de ferrugem-do-colmo e da folha, bem como as qualidades industriais de panificação de dois novos cultivares de trigo - Iguaçu (IAC-21) e Araguaia (IAC-22) - provenientes de cruzamentos artificiais e obtidos por seleção por método genealógico, com os cultivares BH-1146 e Maringá (IAC-5). A produção média de grãos do 'Iguaçu' foi 8% e 12% estatisticamente superior respectivamente aos cultivares testemunhas, e o 'Araguaia' superou-os em 5 e 14%. 
Os novos cultivares apresentaram, ao longo dos cinco anos de estudo, menores níveis de infecção de ferrugem-do-colmo que as testemunhas, sobressaindo-se o 'Araguaia', com baixíssimos níveis de infecção.
Os novos cultivares, bem como as testemunhas, mostraram reações médias para ferrugem-da-folha. Nos ensaios de panificação a farinha do 'Araguaia', de maneira geral, exibiu melhor potencial panificável que a do Iguaçu, sendo ambas levemente superiores à farinha de trigo comercial.

Novos dados sobre a estrutura social do desenvolvimento agrícola em São Paulo +

Resumo:

Os dados aqui apresentados procuram superar a dificuldade que encontraram
Kageyama e Bergamasco estudando as informações do Censo: nosso objetivo
central é justamente quantificar os volumes de trabalho familiar e contratado
- em termos de tempo - e assim avaliar o peso social, econômico e territorial
daqueles imóveis que se apóiam exclusiva ou principalmente nos laços
familiares como base para a organização do trabalho, relativamente aos que
usam de maneira preponderante ou exclusiva mão-de-obra assalariada (2).
Este procedimento só é possível porque introduzimos no questionário de
Levantamento de Previsão e Estimativa de Safra Agrícola do Instituto de
Economia Agrícola uma pergunta referente ao tempo de trabalho dos
membros da família e dos assalariados. Como esta questão é colocada para
cada unidade produtiva de que se compõe a amostra do IEA (3.622 imóveis
que representam, de maneira ponderada o universo da agropecuária paulista)
é possível cruzar a informação a respeito da organização do trabalho com
outras variáveis referentes a área, valor da produção e dias-homem
trabalhados. Para cada imóvel pesquisado podemos saber qual o regime de
trabalho adotado, qual o tempo que lhe dedicou cada categoria (familiar ou
não-familiar) e ao mesmo tempo, quanto este imóvel produziu, o tempo de
trabalho que gastou para isso (globalmente e por produto) e qual a área que
ocupou.

http://www.abramovay.pro.br/artigos_cientificos/1996/Novos_dados_sobre.pdf

sexta-feira, 1 de julho de 2011

TRAJETÓRIA E SITUAÇÃO ATUAL DA AGRICULTURA DE BASE ECOLÓGICA NO BRASIL E NO ESTADO DE SÃO PAULO

Este trabalho apresenta a situação atual do desenvolvimento da produção de base ecológica no Brasil e no Estado de São Paulo. Para tanto, resgatou-se o histórico da emergência e expansão da agricultura de base ecológica, identificaram-se a diversidade da produção e do mercado, os elementos motivadores dessa expansão e os obstáculos, à luz do contexto atual.
Realizaram-se a interpretação socioeconômica de dados estatísticos coletados e a análise de entrevistas efetuadas com diferentes agentes sociais e organizações econômicas. Os resultados foram os seguintes:
a) trajetória da emergência e expansão da agricultura de base ecológica;
b) desenvolvimento da produção de base ecológica no Brasil;
c) desenvolvimento da produção de base ecológica do Estado de São Paulo; d) identificação e caracterização das cadeias da produção certificadas respectivamente para exportação e mercados locais;
e) comentários sobre diversos aspectos da produção e do mercado, baseados nos estudos de casos conduzidos no âmbito do projeto Global Org, nas ações de pesquisas dos autores e sobre o processo de transição em curso.
Os resultados devem subsidiar a formulação de políticas públicas no âmbito do desenvolvimento da produção e comercialização de alimentos orgânicos do País.

Termos para indexação: agroecologia, mercado, políticas públicas, produtos orgânicos.