quinta-feira, 30 de julho de 2020

Unicamp suspende pesquisa financiada pelo lobby para liberar agrotóxico letal


Após denúncia do Repórter Brasil e da Agência Pública, Comitê de Ética da universidade suspendeu pesquisa financiada por produtores de soja que visava reverter a proibição do Paraquate
Ana Aranha, 30/07/2020

Pesquisa é apenas um dos componentes da Força-Tarefa Paraquate, grupo que reúne 12 fabricantes do produto para fazer lobby pelo veneno
Outra pesquisa também foi financiada pelo lobby
Aliada ao agronegócio, Anvisa conseguiu na justiça o direito de adiar a proibição do Paraquate mesmo antes que novas conclusões sejam apresentadas

Fonte: www.brasildefato.com.br/2017/09/20/paraquate-e-banido-por-ser-mutagenico-so-que-nao/


Após revelações em matéria da Repórter Brasil e da Agência Pública, o comitê de Ética da Unicamp suspendeu pesquisa conduzida em laboratório da Faculdade de Ciências Farmacêuticas que estava sendo usada para liberar o uso de agrotóxico letal. A reportagem denunciou que, antes mesmo de ser concluída, a pesquisa era peça central do lobby para reverter a proibição do Paraquate, classificado como “extremamente tóxico” e um dos agrotóxicos mais usados no Brasil. O produto está com data marcada para ser banido em setembro deste ano, segundo decisão tomada pela Anvisa em 2017 com base em evidências de que ele pode gerar mutações genéticas e a doença de Parkinson nos trabalhadores rurais.

Acesse a reportagem completa no link abaixo

domingo, 7 de junho de 2020

TRIBUNAL DOS EUA BLOQUEIA VENDAS DE HERBICIDA DICAMBA NOS EUA



(Reuters) - Um tribunal de apelações dos EUA proibiu a Bayer AG de vender um herbicida agrícola nos Estados Unidos, o mais recente revés para uma empresa que já está travando uma batalha legal cara por outro produto.
Um painel de três juízes do 9º Tribunal de Apelações dos EUA decidiu que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA subestimava substancialmente os riscos relacionados ao uso do dicamba, um produto químico presente em herbicidas vendidos pela Bayer e e outras empresas concorrentes que são pulverizados em soja e algodão geneticamente modificados. Sabe-se que os herbicidas se afastam e danificam outras culturas que não são resistentes.
Grupos ambientalistas pediram o cancelamento da aprovação pela EPA do herbicida XtendiMax, da Monsanto, baseado em dicamba, argumentando que isso prejudica plantas e animais selvagens próximos. O tribunal concordou, e sua decisão, emitida na quarta-feira, também bloqueia as vendas de outros herbicidas baseados em dicamba.
A plantação de soja do fazendeiro do Arkansas, Reed Storey, sofreu danos por dicamba pulverizados em campos vizinhos de 2016 a 2018. [1]
O dicamba é geralmente aplicado nas plantações de soja, milho e algodão para controle de ervas daninhas de alta resistência, sobretudo as que adquiriram resistência ao glifosato.
O dicamba ganhou notoriedade em2017 quando agricultores dos EUA plantaram mais de 10 milhões de hectares com novas sementes de soja e algodão geneticamente modificadas para serem resistentes ao herbicida. A Monsanto, a BASF SE e a DowDuPont produzem todos os herbicidas à base de dicamba.
Segundo relatório de Nathan Donley do Centro de Diversidade Biológica[2], em 2017 houve relatos de danos em pelo menos 3,6 milhões de acres, induzidos por herbicidas para culturas agrícolas e uma quantidade desconhecida de danos a plantas e habitats nativos, incluindo florestas[3].
Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – ADAPAR, o Dicamba é ALTAMENTE MÓVEL, apresentando alto potencial de deslocamento no solo, podendo atingir, principalmente, águas subterrâneas, além de ser ALTAMENTE PERSISTENTE ao meio ambiente[4].
Apesar disso tudo e de seu um produto altamente volátil e propenso à deriva, ele foi classificado apenas como classe III (Perigoso ao Meio Ambiente) sem o “altamente” da classe I e sem o “muito” da classe II.
Coisas da ANVISA mas que também se repetem em outras agrência reguladoras como é o caso da EPA dos EUA.

sábado, 6 de junho de 2020

Com correntões, fazendeiros desmatam mil hectares dentro de área quilombola em Goiás

De Olho no Agronegócio, De Olho no Ambiente

Imagens de satélite mostram a extensão dos cortes, que podem chegar a mil hectares; arrendada em abril, área dos Kalunga em Cavalcante é reivindicada por empresa ligada a offshores

 

Em um período de quinze dias, o Cerrado perdeu cerca de mil hectares em um desmatamento ilegal próximo da nascente do Rio da Prata, manancial de abastamento para o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, no município de Cavalcante (GO). A denúncia foi feita pelos próprios quilombolas — cujo território é autodemarcado — e pode ser visualizada em imagens aéreas por drone que mostram a devastação realizada na Fazenda Alagoas.

Mapa mostra incidência de desmatamento dentro de área quilombola. (Imagem: Instituto Cerrados)
Ao analisar imagens de quatro satélites para dimensionar o impacto da ação dos tratores, o Instituto Cerrados detectou 549 hectares desmatados na Fazenda Alagoas até o dia 31 de maio. E ainda há indicativo de outros 267 hectares de desmatamento. Segundo a entidade, desde a análise, outras áreas podem ter sido abertas.
O padrão do desmatamento aponta o uso de “correntão”, quando correntes são presas a tratores para facilitar o corte raso da vegetação, permitindo o plantio de soja. Para despistar os olheiros que preservam a área, as máquinas operaram a cerca de dois quilômetros da cabeceira da pista.


https://deolhonosruralistas.com.br/2020/06/04/com-correntoes-fazendeiros-desmatam-mil-hectares-dentro-de-area-quilombola-em-goias/

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Desmatamento zero: modelo sustentável inova a criação de gado na Amazônia

 

No sistema PRV, o gado esgota uma área de pastagem e é transferido para outra, enquanto a primeira se recupera. Foto: Amanda Lelis.


Um criador de Tefé, no Amazonas, fez de sua fazenda uma referência para a pecuária na floresta, em uma iniciativa do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Além da rentabilidade maior, o sistema é mais produtivo, mesmo usando uma área menor de pastagem.
No sistema PRV (Pastejo Racional Voisin), idealizado pelo pesquisador francês André Voisin, o gado fica confinado se alimentando em parcelas cercadas. O ideal é que as parcelas sejam dimensionadas para o plantel consumir o pasto em um dia. Depois de consumir aquela pastagem, as cabeças são movidas para a próxima parcela e assim todo o dia tem pasto novo – enquanto isso, o solo e a vegetação da primeira se recuperam.
Essa forma de criação dispensa a necessidade de que novas áreas de floresta sejam derrubadas para a abertura de pastos. Uma das mais importantes atividades da economia brasileira, a pecuária tem uma imagem ligada ao desmatamento na Amazônia.
Aproveitar áreas já degradadas e abandonadas é uma das soluções apontadas para a criação de gado na floresta. Um estudo publicado pela revista Science em 2019 mostra que o Brasil tem 50 milhões de hectares nessas condições disponíveis para a pecuária.

https://brasil.mongabay.com/2020/04/desmatamento-zero-modelo-sustentavel-inova-a-criacao-de-gado-na-amazonia/