sábado, 6 de junho de 2020

Com correntões, fazendeiros desmatam mil hectares dentro de área quilombola em Goiás

De Olho no Agronegócio, De Olho no Ambiente

Imagens de satélite mostram a extensão dos cortes, que podem chegar a mil hectares; arrendada em abril, área dos Kalunga em Cavalcante é reivindicada por empresa ligada a offshores

 

Em um período de quinze dias, o Cerrado perdeu cerca de mil hectares em um desmatamento ilegal próximo da nascente do Rio da Prata, manancial de abastamento para o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, no município de Cavalcante (GO). A denúncia foi feita pelos próprios quilombolas — cujo território é autodemarcado — e pode ser visualizada em imagens aéreas por drone que mostram a devastação realizada na Fazenda Alagoas.

Mapa mostra incidência de desmatamento dentro de área quilombola. (Imagem: Instituto Cerrados)
Ao analisar imagens de quatro satélites para dimensionar o impacto da ação dos tratores, o Instituto Cerrados detectou 549 hectares desmatados na Fazenda Alagoas até o dia 31 de maio. E ainda há indicativo de outros 267 hectares de desmatamento. Segundo a entidade, desde a análise, outras áreas podem ter sido abertas.
O padrão do desmatamento aponta o uso de “correntão”, quando correntes são presas a tratores para facilitar o corte raso da vegetação, permitindo o plantio de soja. Para despistar os olheiros que preservam a área, as máquinas operaram a cerca de dois quilômetros da cabeceira da pista.


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