quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A valorização da agricultura familiar e a reivindicação da ruralidade no Brasil

Maria de N. B. WANDERLEY

Dois fatos de grande importância marcaram as transformações recentes do mundo rural brasileiro. De um lado pela primeira vez na história, a agricultura familiar foi reconhecida oficialmente como um ator social. Anteriormente eram vistos como os pobres do campo. produtores de baixa renda ou pequenos agricultores.
Hoje os agricultores familiares são percebidos como sendo portadores de uma outra concepção de agricultura, diferente e alternativa à agricultura latifundiária e patronal dominante no país.
O Programa de Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF). estabelecido no Brasil durante os anos 90 apesar de todas as limitações impostas a sua adoção efetiva. constitui uma expressão dessa mudança. Por outro lado a forte e efetiva demanda por terra realizada pelos movimentos sociais rurais, fez surgir na reforma agrária um setor de assentamentos. Uma das principais conseqüências desses dois fatos é a revalorização do meio rural. percebido como espaço de trabalho e de vida. Isso encontra expressão na demanda pela permanência na zona rural ou retomo à terra. Essa "ruralidade" da agricultura familiar que povoa o campo e anima a vida social opõe-se ao absenteísmo praticado pela agricultura latifundiária que esvazia e depreda o meio rural. Essa nova "ruralidade" opõe-se ao mesmo tempo à visão centralizada na urbanização dominante na sociedade e à percepção de um meio rural sem agricultores.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

CAMPO E CIDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO


 Ruy Moreira
Professor dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense
A cidade é um fenômeno espacial que praticamente nasce com a sociedade. Para alguns estudiosos, literalmente. Para outros, a partir de um momento além. O campo, diversamente, é um fenômeno recente, correspondendo à divisão territorial do trabalho engendrada pela moderna sociedade capitalista.
No Brasil o fenômeno da cidade e do campo só em linhas gerais seguiu o modelo universal. Há uma forma histórica própria segundo a qual a cidade e o campo nascem e se relacionam no Brasil, bem como o modo de desenvolvimento de sua evolução até os dias de hoje.
Três são as formas históricas da relação cidade-campo enquanto modo de organização espacial das sociedades no tempo: cidade e campo numa sociedade de cultura rural; cidade e campo numa cultura de divisão territorial de trabalho; e cidade e campo numa sociedade de cultura urbana.
 www.sescsp.org.br/sesc/conferencias/subindex.cfm?Referencia=3687&ID=221&ParamEnd=6&autor=3259

domingo, 14 de agosto de 2011

AGRICULTURA ORGÂNICA EM ÁREAS URBANAS E PERIURBANAS COM BASE NA AGROECOLOGIA

Adriana Maria de Aquino e Renato Linhares de Assis
Pesquisadores, Embrapa Agrobiologia
A agricultura orgânica com base na agroecologia é o mote tecnológico adequado à realidade dos agroecossistemas urbanos. Este artigo ressalta a necessidade de se desenvolver tecnologias e insumos específicos. A partir de experiências com agricultura urbana em diferentes países em desenvolvimento, evidencia-se a necessidade de se buscar capacidades locais e apoio do poder público, especialmente nas iniciativas da sociedade organizada e mobilizada para a produção agrícola urbana.
Palavras-chave: Agricultura urbana. Agroecologia. Segurança alimentar. Sustentabilidade.
Ambiente & Sociedade ■ Campinas ■ v. X, n. 1 ■ p. 137-150 ■ jan.-jun. 2007
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_pdf&pid=S1414-753X2007000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Relações entre mundo rural e mundo urbano: evolução histórica, situação actual e pistas para o futuro

 João Ferrão
Instituto de Ciências Sociais - Lisboa
Este texto tem como finalidade identificar linhas de intervenção que favoreçam o estabelecimento de relações de maior complementaridade e simbiose entre os mundos rural e urbano.
Com este objetivo presente, efectua-se, num primeiro ponto, uma reconstituição sintética das relações rural-urbano que historicamente dominaram nos países europeus, de forma a salientar as principais inflexões ocorridas ao longo do tempo e seu significado.
Num segundo ponto sublinham-se os traços mais marcantes das situações hoje prevalecentes, interpretando-os à luz de breve reconstituição histórica anteriormente apresentada.
Por último, num terceiro ponto propõem-se algumas linhas estratégicas de intervenção visando o estabelecer uma nova geração de relações de complementaridade entre o mundo rural e o mundo urbano.
http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0250-71612000007800006#1

sábado, 13 de agosto de 2011

Agricultura familiar e uso do solo

Resumo

Para discutir estes temas, o presente texto divide-se em três partes, além desta
apresentação. Inicialmente (item 2), procura-se oferecer uma definição de
agricultura familiar e as principais informações a respeito de seu desempenho, em
países capitalistas centrais e no Brasil. Mesmo não se tratando de um panorama
completo sobre o tema, as informações oferecidas procuram mostrar que
agricultura familiar e pequena produção não podem ser tomadas como sinônimos.
Em seguida (item 3) é apresentada a questão específica proposta na mesa-redonda:
o uso do solo na agricultura familiar. Discutem-se dados nacionais propostos por
um estudo da FAO (1995) e os resultados de uma pesquisa publicada recentemente
sobre o Estado de São Paulo. Em ambos os casos, fica nítido o potencial
econômico da agricultura familiar. No item 4 sugere-se (sem aprofundar o tema)
que ao potencial econômico embutido na agricultura familiar corresponde uma
vocação ainda mais importante: a de servir como base para uma estratégia
descentralizada de desenvolvimento.

http://www.abramovay.pro.br/artigos_cientificos/1997/Agricultura_familiar.pdf


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Indicadores do mercado de trabalho do sistema agroindustrial da cana-de-açúcar do Brasil no período 1992-2005

RESUMO

Este trabalho analisa os ambientes institucional e organizacional do mercado de trabalho do setor sucroalcooleiro do Brasil, e apresenta seus indicadores sociais para o período 1992-2005. As fontes de dados são as PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e os Registros Administrativos da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho e Emprego. No setor de cana-de-açúcar, verificou-se redução de 23% do número de empregados entre 1992 e 2005, a despeito do crescimento da produção de 54,6%; do total de 519.917 empregados, 27,1% são informais; o nível de educação dos empregados do setor de cana-de-açúcar tem evoluído positivamente, mas ainda é baixo: em 2005, 70% tinham até quatro anos de estudo e existia uma parte significativa de analfabetos (29%) (PNAD). Segundo os registros da RAIS, os maiores salários médios mensais foram pagos pela indústria do álcool (R$ 706,29), seguidos pela indústria do açúcar (R$ 698,99), e pelo setor agrícola (R$ 647,22).

Palavras-chave: mercado de trabalho, sistema agroindustrial da cana-de-açúcar, ambiente institucional, ambiente organizacional

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-41612007000400007&lng=en&nrm=iso


Por que morrem os cortadores de cana?

Resumo
O objetivo deste trabalho é demonstrar que a morte
dos trabalhadores assalariados rurais, cortadores de
cana, advém do pagamento por produção. Os processos
de produção e de trabalho vigentes no Complexo
Agroindustrial Canavieiro foram concebidos objetivando
a produtividade crescente do trabalho e, combinados
ao pagamento por produção, provocam a necessidade
de os trabalhadores aumentarem o esforço
despendido no trabalho. O crescimento do dispêndio
de energia e do esforço para cortar mais cana provoca
ou a morte dos trabalhadores ou a perda precoce de
capacidade de trabalho.
Palavras-chaves: Morte por excesso de trabalho; Processo
de produção; Processo de trabalho; Complexo
agroindustrial canavieiro; Pagamento por produção.

http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v15n3/08.pdf