segunda-feira, 22 de abril de 2019

“Desfaça tudo essas reservas”, diz produtora a secretário em reunião de fazendeiros do Pará com governo federal

Ciro Barros - 22/04/2019

Em encontro fechado no Ministério da Agricultura, ruralistas do Pará cobram do governo Bolsonaro – apoiado por eles desde a campanha – medidas contra política ambiental, e mesmo ilegais, como fim da fiscalização e revogações de UCs


    Repórter da Pública presenciou reunião com secretário Nabhan Garcia

    Ibama engoliu críticas e fez promessas para agradar a produtores rurais

    Massacre de Pau d’Arco foi defendido por deputado Éder Mauro (PSD-PA) 

 

 O Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgãos encarregados por lei de fazer fiscalização ambiental, foram alvos de duras críticas e xingamentos. Era alguém tocar no nome deles e o burburinho começava. Aos poucos, palavras de ordem eram gritadas e aplausos efusivos demonstravam o apoio da plateia a quem tomava coragem de gritar no meio da multidão. Nas manifestações anônimas, feitas durante as falas, os órgãos foram acusados de praticar “terrorismo de Estado”, alguns disseram que o governo “tem que acabar” com eles, a despeito da obrigação do Estado em mantê-los, e os chamaram de “câncer”. Produtores falaram em “desfazer essas porcarias de Unidades de Conservação” (UCs) – termos similares aos usados por eles para se referir a outras áreas protegidas pela União, como terras indígenas e assentamentos de reforma agrária.
Nas falas feitas em um púlpito do auditório por produtores rurais e autoridades não ligadas ao governo federal, o tom não foi muito diferente.

...  https://apublica.org/2019/04/desfaca-tudo-essas-reservas-diz-produtora-a-secretario-em-reuniao-de-fazendeiros-do-para-com-governo-federal/?mc_cid=d17aa0e7e5&mc_eid=87b2dd8b14

Publica - Agência de Jornalismo Investigativo
 

segunda-feira, 15 de abril de 2019

“Coquetel” com 27 agrotóxicos foi achado na água de 1 em cada 4 municípios

Agência Pública/Repórter Brasil
Ana Aranha, Luana Rocha

 Especial: Por trás do alimento                                15/04/2019

Um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de
1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar.
Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11
estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação
fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Entre os locais com contaminação múltipla
estão as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre,
Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas.




https://apublica.org/2019/04/coquetel-com-27-agrotoxicos-foi-achado-na-agua-de-1-em-cada-4-municipios-consulte-o-seu/

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sexta-feira, 29 de março de 2019

Agricultura familiar passa a entregar produtos em todas as escolas públicas do DF

 Ascom Emater-DF
Diândria Daia

Todas as 669 escolas públicas do Distrito Federal passam a receber a partir deste mês produtos da agricultura familiar pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O programa vai beneficiar 480 mil alunos da rede pública de ensino e mais de 7 mil produtores rurais atendidos pela Emater-DF.
O PNAE funciona com repasses do governo federal para estados e municípios. Neste ano, o valor previsto para o DF é de R$ 19 milhões — 35% maior do que o do ano passado, que foi de R$ 14 milhões. Os recursos são liberados em dez parcelas (de fevereiro a novembro de cada ano).
Segundo a extensionista da Emater-DF Bruna Heckler, o mês de fevereiro ainda foi atendido com remanescentes do edital anterior. As entregas referentes ao edital de 2019 começaram este mês e são feitas todas as segundas-feiras nas escolas.
Até o ano passado, as entregas eram feitas em escolas de dez regionais de ensino. Agora, são em escolas de 14 regionais. “Um produto da agricultura familiar tem maior qualidade, maior durabilidade e precisa seguir um alto padrão comercial”, afirma a extensionista Bruna Heckler.
“Também aumentamos o número de itens do cardápio escolar que passamos a ofertar”, diz o gerente do escritório de comercialização da Emater-DF, Blaiton Carvalho. Os agricultores familiares que se organizaram para atender ao programa diversificaram seus plantios e conseguem atender a 30 itens do cardápio, incluindo produtos sazonais da região como morango e goiaba.
A entrega de produtos da agricultura familiar em 100% das escolas e o aumento dos recursos repassados só foi possível devido aos esforços conjuntos do grupo de trabalho formado por técnicos da Emater-DF, Secretaria de Agricultura, Secretaria de Educação e agricultores familiares do Distrito Federal.
http://www.emater.df.gov.br/agricultura-familiar-passa-a-entregar-produtos-em-todas-as-escolas-publicas-do-df/

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Agrotóxicos no Brasil: o glifosato e os desafios para proteção da saúde e do ambiente



Em 2008, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma RDC [Resolução da Diretoria Colegiada] que propunha a revisão de registro de 14 ingredientes (princípios) ativos de agrotóxicos, por conta de potenciais efeitos nocivos sobre a saúde humana: abamectina, acefato, carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, fosmete, glifosato, lactofem, metamidofós, paraquat, parationa metílica, tiram, triclorfom. Na época, a revisão dos estudos científicos e a elaboração de pareceres técnicos sobre cada um dos agrotóxicos teve revelante contribuição da Fiocruz.
Foram proibidos no Brasil o carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, metamidofós, parationa metílica e triclorfom; e tiveram seus registros mantidos o acefato, fosmete e lactofem. O paraquate, herbicida altamente tóxico e associado a doença de Parkinson, também teve registro indicado para proibição em 2017, mas com perspectiva de uso até 2020. Ainda não foram finalizadas as reavaliações de abamectina, glifosato e tiram, o que motivou a abertura de Ação Civil Pública (ACP), por conta dos efeitos tóxicos associados a esses produtos na literatura científica.
A ACP pede prioridade na reavaliação toxicológica dos três ingredientes, pela Anvisa, e a suspensão do uso e dos registros de novos produtos que tenham esses ingredientes ativos em suas fórmulas. São muitas as evidências científicas associadas aos efeitos tóxicos desses agrotóxicos, em especial glifosato e tiram, preocupantes, em especial, sob a ótica da saúde dos trabalhadores e da população ambientalmente exposta.
Ao mesmo tempo em que a liminar de suspensão de uso desses agrotóxicos foi publicada e que o tema é debatido no Brasil, uma decisão da corte da Califórnia, EUA, condenou a uma multa de 286 milhões de dólares a empresa Monsanto, fabricante do agrotóxico mais usado no mundo, Roundup, que tem na formulação o glifosato. A condenação se deu por conta do linfoma non-Hodgkin apresentado por um jardineiro, já na fase terminal da doença, que havia trabalhado na aplicação do glifosato.
Esse tipo de câncer foi o mesmo que levou o glifosato a ser considerado “provável cancerígeno” para seres humanos (grupo 2A) pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização da Mundial da Saúde (IARC/WHO), no ano de 2015.
Notadamente, o glifosato é de longe o mais usado no Brasil, representando cerca de 50% de todo o consumo de agrotóxicos no país, e está fortemente associado a adoção das sementes transgênicas estimulada pelas grandes corporações do setor (Almeida et al, 2017).
 >> continua >>  http://cee.fiocruz.br/?q=Agrotoxicos-no-Brasil-o%20glifosato-e-os-desafios-para-protecao-da-saude-e-do-ambiente