sexta-feira, 29 de março de 2019

Agricultura familiar passa a entregar produtos em todas as escolas públicas do DF

 Ascom Emater-DF
Diândria Daia

Todas as 669 escolas públicas do Distrito Federal passam a receber a partir deste mês produtos da agricultura familiar pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O programa vai beneficiar 480 mil alunos da rede pública de ensino e mais de 7 mil produtores rurais atendidos pela Emater-DF.
O PNAE funciona com repasses do governo federal para estados e municípios. Neste ano, o valor previsto para o DF é de R$ 19 milhões — 35% maior do que o do ano passado, que foi de R$ 14 milhões. Os recursos são liberados em dez parcelas (de fevereiro a novembro de cada ano).
Segundo a extensionista da Emater-DF Bruna Heckler, o mês de fevereiro ainda foi atendido com remanescentes do edital anterior. As entregas referentes ao edital de 2019 começaram este mês e são feitas todas as segundas-feiras nas escolas.
Até o ano passado, as entregas eram feitas em escolas de dez regionais de ensino. Agora, são em escolas de 14 regionais. “Um produto da agricultura familiar tem maior qualidade, maior durabilidade e precisa seguir um alto padrão comercial”, afirma a extensionista Bruna Heckler.
“Também aumentamos o número de itens do cardápio escolar que passamos a ofertar”, diz o gerente do escritório de comercialização da Emater-DF, Blaiton Carvalho. Os agricultores familiares que se organizaram para atender ao programa diversificaram seus plantios e conseguem atender a 30 itens do cardápio, incluindo produtos sazonais da região como morango e goiaba.
A entrega de produtos da agricultura familiar em 100% das escolas e o aumento dos recursos repassados só foi possível devido aos esforços conjuntos do grupo de trabalho formado por técnicos da Emater-DF, Secretaria de Agricultura, Secretaria de Educação e agricultores familiares do Distrito Federal.
http://www.emater.df.gov.br/agricultura-familiar-passa-a-entregar-produtos-em-todas-as-escolas-publicas-do-df/

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Agrotóxicos no Brasil: o glifosato e os desafios para proteção da saúde e do ambiente



Em 2008, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma RDC [Resolução da Diretoria Colegiada] que propunha a revisão de registro de 14 ingredientes (princípios) ativos de agrotóxicos, por conta de potenciais efeitos nocivos sobre a saúde humana: abamectina, acefato, carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, fosmete, glifosato, lactofem, metamidofós, paraquat, parationa metílica, tiram, triclorfom. Na época, a revisão dos estudos científicos e a elaboração de pareceres técnicos sobre cada um dos agrotóxicos teve revelante contribuição da Fiocruz.
Foram proibidos no Brasil o carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, metamidofós, parationa metílica e triclorfom; e tiveram seus registros mantidos o acefato, fosmete e lactofem. O paraquate, herbicida altamente tóxico e associado a doença de Parkinson, também teve registro indicado para proibição em 2017, mas com perspectiva de uso até 2020. Ainda não foram finalizadas as reavaliações de abamectina, glifosato e tiram, o que motivou a abertura de Ação Civil Pública (ACP), por conta dos efeitos tóxicos associados a esses produtos na literatura científica.
A ACP pede prioridade na reavaliação toxicológica dos três ingredientes, pela Anvisa, e a suspensão do uso e dos registros de novos produtos que tenham esses ingredientes ativos em suas fórmulas. São muitas as evidências científicas associadas aos efeitos tóxicos desses agrotóxicos, em especial glifosato e tiram, preocupantes, em especial, sob a ótica da saúde dos trabalhadores e da população ambientalmente exposta.
Ao mesmo tempo em que a liminar de suspensão de uso desses agrotóxicos foi publicada e que o tema é debatido no Brasil, uma decisão da corte da Califórnia, EUA, condenou a uma multa de 286 milhões de dólares a empresa Monsanto, fabricante do agrotóxico mais usado no mundo, Roundup, que tem na formulação o glifosato. A condenação se deu por conta do linfoma non-Hodgkin apresentado por um jardineiro, já na fase terminal da doença, que havia trabalhado na aplicação do glifosato.
Esse tipo de câncer foi o mesmo que levou o glifosato a ser considerado “provável cancerígeno” para seres humanos (grupo 2A) pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização da Mundial da Saúde (IARC/WHO), no ano de 2015.
Notadamente, o glifosato é de longe o mais usado no Brasil, representando cerca de 50% de todo o consumo de agrotóxicos no país, e está fortemente associado a adoção das sementes transgênicas estimulada pelas grandes corporações do setor (Almeida et al, 2017).
 >> continua >>  http://cee.fiocruz.br/?q=Agrotoxicos-no-Brasil-o%20glifosato-e-os-desafios-para-protecao-da-saude-e-do-ambiente