segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Defensivos agrícolas naturais: uso e perspectivas

HALFELD-VIEIRA, B. de A.; MARINHO-PRADO, J. S.; NECHET, K. de L.
MORANDI, M. A. B.; BETTIOL, W.

 Embrapa Meio Ambiente


Resultado das palestras e discussões científicas do V Congresso Brasileiro de Defensivos Agrícolas Naturais, que teve como tema o papel dos defensivos naturais na agricultura do século XXI, o livro aborda em seus capítulos iniciais temas pertinentes ao acesso ao patrimônio genético natural, legislação para o desenvolvimento e uso de defensivos naturais, testes laboratoriais e qualidade de análises exigidas para o registro destes produtos. A seguir, são tratados temas a respeito do potencial de desenvolvimento de defensivos naturais derivados de plantas, incluindo questões de biodiversidade, tecnologia de obtenção, pesquisa e uso de defensivos agrícolas naturais. O papel do controle biológico de pragas e doenças na agricultura do século XXI, a visão epidemiológica do controle biológico de pragas, doenças e plantas daninhas e as visões do produtor e da indústria quanto ao processo de transição para um modelo agrícola de base biológica em diferentes escalas (grandes culturas, cultivo intensivo, entre outros) concluem a obra.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Xingu, O Clamor Que Vem da Floresta (Samba-Enredo 2017)

G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense (RJ)


Brilhou a coroa na luz do luar!
Nos troncos a eternidade a reza e a magia do pajé!
Na aldeia com flautas e maracás
Kuarup é festa, louvor em rituais
Na floresta, harmonia, a vida a brotar
Sinfonia de cores e cantos no ar
O paraíso fez aqui o seu lugar
Jardim sagrado, o caraíba descobriu
Sangra o coração do meu Brasil
O belo monstro rouba as terras dos seus filhos
Devora as matas e seca os rios
Tanta riqueza que a cobiça destruiu!
Sou o filho esquecido do mundo
Minha cor é vermelha de dor
O meu canto é bravo e forte
Mas é hino de paz e amor!
Sou guerreiro imortal derradeiro
Deste chão o senhor verdadeiro
Semente eu sou a primeira
Da pura alma brasileira!
Jamais se curvar, lutar e aprender
Escuta menino, Raoni ensinou
Liberdade é o nosso destino
Memória sagrada, razão de viver
Andar onde ninguém andou
Chegar aonde ninguém chegou
Lembrar a coragem e o amor dos irmãos
E outros heróis guardiões
Aventuras de fé e paixão
O sonho de integrar uma nação
Kararaô, Kararaô, o índio luta por sua terra
Da Imperatriz vem o seu grito de guerra!
Salve o verde do Xingu, a esperança
A semente do amanhã, herança
O clamor da natureza a nossa voz vai ecoar
Preservar!

Imperatriz acerta em cheio umbigo do agronegócio

Enredo “Xingu, o clamor que vem da Floresta”, da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, fala sobre luta pela terra

                               Enredo é tudo que o agronegócio não quer ouvir, por Alan Tygel

Há alguns meses, publicamos neste espaço um artigo sobre a tentativa desesperada do agronegócio em salvar sua imagem perante a sociedade com a novela O Velho Chico. Na ocasião, afirmamos que o investimento na novela tentava construir a imagem de um agro-pop-tudo em oposição ao velho coronelismo. A motivação para esse esforço veio de uma percepção do próprio agronegócio de que a sociedade o associa ao desmatamento, aos agrotóxicos e ao trabalho escravo.
Em 2012, o mesmo agronegócio, representado pela Basf, comprou o samba da Vila Isabel. O (lindo, por sinal!) enredo, que tinha Martinho da Vila como um dos autores, não era sobre os agrotóxicos e transgênicos produzidos pela empresa, mas sim sobre a vida camponesa cumprindo sua missão de alimentar o povo. Por trás, havia a tentativa subliminar de associar esta linda imagem ao agronegócio.
Neste ano, é da mesma Sapucaí que vem um belo golpe na imagem do agronegócio. Depois de um ano marcado, entre outros, por ruralistas formando milícias para atacar indígenas, a Imperatriz Leopoldinense acerta com beleza e elegância o ego daqueles que se acham donos do país.
O enredo, chamado “Xingu, o clamor que vem da Floresta”, fala basicamente sobre luta pela terra. E tudo que o agronegócio não quer ouvir.
Um dos trechos diz que “O belo monstro rouba as terras dos seus filhos / Devora as matas e seca os rios / Tanta riqueza que a cobiça destruiu”, e emoldura alas como os "Olhos da cobiça", "Chegada dos invasores" e "Fazendeiros e seus agrotóxicos".
Acostumados a olhar apenas para o próprio umbigo, sem enxergar um palmo além da sua soja transgênica, ruralistas irados lançam notas e escrevem matérias a torto e a direito. Por mais que se procure, sempre batem nos mesmo dois argumentos falaciosos: (1) o agronegócio alimenta o Brasil; (2) o agronegócio sustenta o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O primeiro argumento é o mais débil de todos; sabemos que a grande massa de produção agrícola se concentra nas commodities de exportação (soja, milho para ração, cana-de-açúcar), e o Censo Agropecuário de 2006 mostrou que 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa vêm da agricultura familiar, mesmo tendo ela direito à apenas 24% das terras. Portanto, esse argumento é claramente falacioso.
Em relação ao PIB, a análise é um pouco mais profunda, mas o argumento não é menos falacioso. Em primeiro lugar, precisamos entender que o PIB representa o conjunto de riquezas produzidas pelo país. Não fala sobre distribuição de renda, nem geração de empregos. Não se importa no bolso de quem essa riqueza vai parar. Pois bem: em 2015, a produção de soja rendeu ao Brasil R$90 bilhões. Ótimo? Nem tanto. Como vimos recentemente, a enorme dependência de insumos externos do agronegócio faz com que grande parte deste valor fique nas mãos das empresas transnacionais. Custos com sementes, agrotóxicos, fertilizantes e máquinas podem chegar a 90% do preço final, num mercado completamente oligopolizado por gigantes transnacionais como Bayer, Monsanto, Cargill, Basf, Syngenta, Bunge, Dreyfus, ADM… Nem no Brasil o dinheiro fica.
Não custa lembrar que o subsídio do governo no Plano Safra chegou à casa dos R$ 200 bilhões no ano passado, só para o agronegócio. É transferência direta do governo para as transnacionais, e ainda dizem que isso sustenta o PIB. Como nota de rodapé, poderíamos incluir ainda que o agronegócio não gera empregos: são apenas 1,7 pessoas por 100 hectare (ha), enquanto a agricultura familiar emprega 9 vezes mais: 15,3 pessoas por 100 ha. Entre 2004 e 2013, o agronegócio reduziu 4 milhões de empregos, ou 22% do total. No mesmo período, o desemprego no Brasil caiu de 11,7% para 4,3%.
Que chorem os plantadores de soja, criadores de zebu e especuladores da fome: o Carnaval de 2017 já tem vencedor, e somos nós: povos indígenas, quilombolas, camponeses, sem terra, do campo, das florestas e das águas, todas e todos que lutam por seus territórios sadios contra o agronegócio.
Todo nosso respeito à Imperatriz Leopoldinense.



quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Painel sobre agricultura familiar e urbana



Nutrição e agricultura sustentável para o desenvolvimento local será o mote da 3ª Arena de Inovação do Município de São Paulo -- um evento da Agência São Paulo de Desenvolvimento (AdeSampa) que tem como objetivo aproximar pesquisadores, estudantes, criadores de startups e poder público por meio de atividades ligadas à ciência, tecnologia e inovação.
Os três painéis de debates, que acontecerão no dia 20/10 no Centro Cultural São Paulo entre 11h e 19h têm entrada gratuita. Para se inscrever basta acessar o link:https://goo.gl/Hv64yh.
Para trazer o assunto "Nutrição, Excedente, Escassez e Desperdício", o primeiro painel (12h) vai contar com duas ganhadoras do Projeto Vai TEC (Programa de Valorização de Iniciativas Tecnológicas da Adesampa):  Luciana Heuko, do C.E.B.O.L.A.  e Aline Amorim Souza  do Portal da Xepá. Farão parte da conversa ainda  Susana Prizendt Muda, do Movimento Urbano de Agroecologia de São Paulo, Eliana Martins, do Banco de Alimentos, e  Karen Leal da Silva, do Programa Mesa Brasil do SESC. A ideia é mostrar iniciativas de pequenos produtores que ajudam a combater o desperdício alimentar e despertam a consciência do consumidor, como o aproveitamento de todas as partes de um único ingrediente para preparar diversos pratos.
O segundo painel (14h30) será "Agricultura Familiar, Empreendedora e Desenvolvimento Local". As startups aceleradas pelo Projeto Vai Tec que vão compor esta mesa serão Orgânicos no Prato, representada por Vinicius Nascimento, e Da Cisterna ao Jardim, com Antônio Paulo de Araújo Jr. Para enriquecer ainda mais o debate estarão presentes Marina Esposito, do Agroapp e  Luiz Henrique Bambini, Assessor do Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria de Educação, além da Lia Goes, agente de Desenvolvimento Local da Adesampa em Parelheiros e Thales Gomes, tamvém da Adesampa na mediação.
Por fim, o painel "Agricultura Urbana" (16h50),  um tema que tem despertado o interesse cada vez maior das pessoas que moram na cidade, será colocado em pauta também por especialistas junto aos vencedores do Vai Tec. Edson Santos de Oliveira, do Planta Periferia, Regina Chaves, do CBAU e Vilma Vilarinho, do Tomatinhos Urbanos serão os representantes do Vai Tec. Já os especialistas serão Pedro Almeida da AAZL - Associação de Agricultores da Zona Leste e Prof. Diamantino Pereira da USP LESTE - EACH. O painel terá moderação de Luis Henrique, do  COSAN - Departamento de Agricultura e Abastecimento.
Esta edição da Arena de Inovação faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, cujo tema este ano é "Ciência Alimentando o Brasil", numa alusão dia Mundial da Alimentação (16/10).

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Aprovada lei que prorroga novamente o Cadastro Ambiental Rural




O prazo foi estendido para dezembro de 2017 e poderá ser adiado para 2018


A prorrogação vale para propriedades de qualquer tamanho. Originalmente, a MP estendia o prazo apenas para os pequenos produtores rurais e agricultores familiares, com até quatro módulos fiscais, cuja área varia entre 5 e 110 hectares a depender da região.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, os pequenos produtores são os que têm mais dificuldades em fazer o cadastramento. A estimativa do governo é de que a nova lei assegurará a mais de um milhão de proprietários e posseiros os benefícios previstos no Código Florestal (Lei 12.651/2012).
O Congresso estendeu também o prazo para que as instituições financeiras concedam crédito agrícola, em qualquer de suas modalidades, aos proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no cadastro.
Registro eletrônico
O Cadastro Ambiental Rural é um registro eletrônico obrigatório para todas as propriedades rurais, no qual o proprietário ou posseiro informa a situação ambiental do seu imóvel, como existência de área remanescente de vegetação nativa, de área de uso restrito ou protegida. O objetivo é criar uma base de dados para orientar as políticas ambientais.
De acordo com o Código Florestal, a partir de maio de 2017, os bancos só poderão conceder crédito agrícola, independente da modalidade (custeio, investimento e comercialização), para proprietários e posseiros de imóveis rurais que estejam inscritos no CAR.
Já o Program de Regularização Ambiental é voltado para a recuperação de áreas degradadas nas propriedades rurais. O produtor que aderir ao programa deve apresentar uma proposta de recuperação da área, que será aprovada e fiscalizada pelo órgão ambiental local. Durante o período de implantação das ações, o produtor não poderá ser punido por infrações ambientais cometidas antes de 22 de julho de 2008.