terça-feira, 18 de setembro de 2018

Agrotóxicos no Brasil: o glifosato e os desafios para proteção da saúde e do ambiente



Em 2008, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma RDC [Resolução da Diretoria Colegiada] que propunha a revisão de registro de 14 ingredientes (princípios) ativos de agrotóxicos, por conta de potenciais efeitos nocivos sobre a saúde humana: abamectina, acefato, carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, fosmete, glifosato, lactofem, metamidofós, paraquat, parationa metílica, tiram, triclorfom. Na época, a revisão dos estudos científicos e a elaboração de pareceres técnicos sobre cada um dos agrotóxicos teve revelante contribuição da Fiocruz.
Foram proibidos no Brasil o carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, metamidofós, parationa metílica e triclorfom; e tiveram seus registros mantidos o acefato, fosmete e lactofem. O paraquate, herbicida altamente tóxico e associado a doença de Parkinson, também teve registro indicado para proibição em 2017, mas com perspectiva de uso até 2020. Ainda não foram finalizadas as reavaliações de abamectina, glifosato e tiram, o que motivou a abertura de Ação Civil Pública (ACP), por conta dos efeitos tóxicos associados a esses produtos na literatura científica.
A ACP pede prioridade na reavaliação toxicológica dos três ingredientes, pela Anvisa, e a suspensão do uso e dos registros de novos produtos que tenham esses ingredientes ativos em suas fórmulas. São muitas as evidências científicas associadas aos efeitos tóxicos desses agrotóxicos, em especial glifosato e tiram, preocupantes, em especial, sob a ótica da saúde dos trabalhadores e da população ambientalmente exposta.
Ao mesmo tempo em que a liminar de suspensão de uso desses agrotóxicos foi publicada e que o tema é debatido no Brasil, uma decisão da corte da Califórnia, EUA, condenou a uma multa de 286 milhões de dólares a empresa Monsanto, fabricante do agrotóxico mais usado no mundo, Roundup, que tem na formulação o glifosato. A condenação se deu por conta do linfoma non-Hodgkin apresentado por um jardineiro, já na fase terminal da doença, que havia trabalhado na aplicação do glifosato.
Esse tipo de câncer foi o mesmo que levou o glifosato a ser considerado “provável cancerígeno” para seres humanos (grupo 2A) pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização da Mundial da Saúde (IARC/WHO), no ano de 2015.
Notadamente, o glifosato é de longe o mais usado no Brasil, representando cerca de 50% de todo o consumo de agrotóxicos no país, e está fortemente associado a adoção das sementes transgênicas estimulada pelas grandes corporações do setor (Almeida et al, 2017).
 >> continua >>  http://cee.fiocruz.br/?q=Agrotoxicos-no-Brasil-o%20glifosato-e-os-desafios-para-protecao-da-saude-e-do-ambiente

terça-feira, 31 de julho de 2018

Campo registra menos empregos e mais agrotóxicos, diz IBGE

O número de trabalhadores no campo diminuiu e mais produtores rurais estão utilizando agrotóxicos. Os dados são da comparação entre os Censos Agropecuários de 2006 e 2017, do IBGE.
Os números do Censo de 2017 começaram a ser divulgados pelo IBGE, mas são preliminares e poderão ser revisados.
Hoje, o Brasil tem 15.036.978 pessoas trabalhando em atividades agropecuárias, um número 9,2% menor na comparação com 2006. Ou seja, foram eliminados cerca 1,5 milhão de empregos.
Ao mesmo tempo, aumentou a mecanização no campo. O número de tratores registrados em propriedades rurais aumentou 49,7% no período e chegou a 1,22 milhão de unidades. 
Aumentou, também, o número de propriedades rurais que usam agrotóxicos. Das 5.072.152 propriedades rurais existentes no país, 33% utilizam os produtos agroquímicos — um aumento de 20,4% em relação a 2006.
Das 5.072.152 propriedades rurais existentes no país, cerca de metade delas têm 10 hectares ou menos. Este grupo de pequenas propriedades detêm 2,28% da área total destinada a estabelecimentos agropecuários.
Enquanto isso, existem 50.865 propriedades rurais, cerca de 1% do total, que confinam dentro de suas cercas 47,52% de todas as terras utilizadas para a agropecuária.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Gilmar Mauro acredita que os dados mostram um país com renda e terras "altamente concentrada" e que continua a "aumentar o processo de concentração de riquezas".
"Nós nascemos como colônia, exportando produtos agrícolas e minerais desde o famoso e malfadado descobrimento. E continuamos dessa forma. Mas há um agravamento dessa situação, principalmente a partir da década de 1980 e da crise econômica brasileira, e do grande déficit nas contas gerais do Brasil, se apostou bastante na exportação de produtos agrícolas como forma de obter superávit, para equilibrar todo o balanço de pagamentos", diz Mauro à Sputnik Brasil.
Já o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Hélio Sirimarco, ressalta que as informações do Censo Agropecuário de 2017 mostram um "aumento na produtividade" e se diz temeroso do possível impacto no câmbio que as eleições de outubro podem trazer.

Fonte: https://br.sputniknews.com/brasil/2018073111846842-campo-menos-empregos-mais-agrotoxicos-ibge-censo-agropecuario/

terça-feira, 8 de maio de 2018

Fusão entre Monsanto e Bayer aumenta monopólio do veneno e da transgenia no mundo


No dia 21 de março, a União Europeia avalizou a fusão de duas megaempresas de tecnologia agrícola: a norte-americana Monsanto e a alemã Bayer. O negócio já havia sido aprovado no Brasil pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Também já houve o aval chinês e da África do Sul. Basta a autorização dos Estados Unidos para consolidar a fusão no mercado agrícola mundial.
A unificação de tais empresas é a terceira na concentração produtiva. Com a união das estadunidenses Dow e DuPont e da suíça Syngenta com a chinesa ChemChina, o mercado agroquímico mundial será protagonizado por quatro grupos econômicos, somados à também estadunidense Basf.
O novo cenário é de que as quatro empresas transnacionais passem a dominar 65% das vendas de agrotóxicos e pesticidas e cerca de 60% das comercializações de sementes no mundo. Somente a Monsanto é a maior vendedora de sementes do globo e a Bayer ocupa a segunda posição na venda de agrotóxicos.

02 de Abril de 2018 - 

segunda-feira, 26 de junho de 2017

A destruição do patrimônio genético agrícola no Brasil

José Maria Tardin, especialista em agroecologia, alerta que materiais genéticos de plantas nativas estão sendo destruídos, enquanto uma parte é sequestrada e armazenada em bacos de germoplasmas utilizados por trasnacionais 

Jornal GGN - A atuação das grandes empresas agrícolas está provocando a devastação das espécies de alimentos no país, além disso, o patrimônio genético brasileiro está sendo armazenado em bancos de transnacionais, quando deveria ser tratado como um tema de segurança nacional. O alerta é do professor de agroecologia e membro do Conselho Gestor e educador na Escola Latinoamericana de Agroecologia (ELAA), José Maria Tardin, em entrevista para o Sul21.

http://jornalggn.com.br/noticia/a-destruicao-do-patrimonio-genetico-agricola-no-brasil