Larissa Bombardi
O consumo de agrotóxicos é um grande negócio mundial que tem óbvia
relação com outro mercado, o da produção de alimentos, mas que deve ser
entendido também em suas estratégias particulares. Nos últimos anos, o
Brasil tem ocupado a primeira posição neste ranking. Sendo que, no período de 2000 a 2013, nos tornamos o maior importador mundial de agrotóxicos (PELAEZ, V. et al.,2016).
Muito
se tem discutido a respeito da classificação da posição dos países no
que diz respeito à relação kg/ha (quilos por hectare) no consumo de
agrotóxicos. De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), o Brasil tem uma posição abaixo (no sentido de utilizar menos agrotóxicos) daquela ocupada pelo Japão, por exemplo.
Por
uma questão daquilo que chamamos na geografia de escala, não é possível
comparar a agricultura japonesa com a brasileira, sobretudo porque
sabidamente o Japão é um país que tem 70% de sua área ocupada por
montanhas não cultivadas, tem uma densidade demográfica de 336 habitantes por km², tem outro modelo de agricultura e produz, majoritariamente, arroz.
Segundo
a FAO o Japão consome em média 14,18 kg de agrotóxicos por hectare,
enquanto no Brasil seriam apenas 2,77 kg por hectare, cerca de 1/5,
portanto. Esse dado, isoladamente, deveria levantar a curiosidade de
todos. Afinal, o Japão não se classifica como um produtor agrícola
relevante.
Na ciência, para que um dado possa orientar uma reflexão correta, é
preciso ponderá-lo em relação a um conjunto de fatores, ou seja, é
necessário que se defina uma metodologia para que o dado possa passar
por um escrutínio e ser efetivamente compreendido, tal como faremos nos
parágrafos a seguir.
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