segunda-feira, 19 de março de 2012

APONTAMENTOS PARA UMA ABORDAGEM DIALÉTICA DAS RELAÇÕES CIDADE-CAMPO

Giancarlo Livman Frabetti
A análise da relação cidade-campo nas ciências sociais é constantemente deduzida a partir da aplicação de um modelo unívoco de interpretação. Por isso, a sua importância para a compreensão dos fenômenos sociais vem sendo negligenciada. Este artigo visa identificar subsídios teóricos que nos permitam pensar a complexidade das relações entre cidade e campo. Para isso, partiremos das bases clássicas sobre o debate, a partir das quais derivam as formulações que advogam o fim das contradições nestas relações. Uma vez demonstrado que a teoria do desenvolvimento desigual do capitalismo refuta essas teses, finalizaremos com a análise do caso brasileiro, sugerindo uma variedade de possibilidades de se conceber dialeticamente as contradições entre campo e cidade.
Palavras-chave: Cidade, Campo, Relação cidade-campo, Desenvolvimento Desigual, Desenvolvimento Rural.
www.geografia.fflch.usp.br/revistaagraria/revistas/5/5.htm

sábado, 10 de março de 2012

Uso agrícola de esgoto tratado em lagoas de estabilização: experiências em Lins – SP

Fernando Campos Mendonça; Roque Passos Piveli

Em uma área de cerca de 6 hectares, ao lado do sistema de tratamento de esgotos de Lins – SP, pertencente à Sabesp, foi construído um sistema piloto para a realização de estudos sobre aplicações agrícolas do efluente final. Construíram-se unidades de tratamento adicional dos esgotos, principalmente de desinfecção por hipocloritação, aplicação de radiação ultravioleta (UV) e ozonização. Os efluentes finais foram aplicados em processo de fertirrigação, tendo-se cultivado café, milho e feijão, alimentados por gotejamento. Paralelamente, uma parcela dos esgotos alimentou um sistema de hidroponia em vasos, onde foram cultivados crisântemo e Gypsophila (mosquitinho). Uma terceira linha paralela alimentou um tanque de piscicultura em que foram cultivadas tilápias do Nilo. Recorreu-se a uma série de variáveis físico-químicas e biológicas para o controle da qualidade dos esgotos nos diversos estágios do tratamento das espécies cultivadas e do solo, bem como à utilização de parâmetros agronômicos para a identificação das características dos crescimentos. Em todos os casos, foram mantidos controles em paralelo com culturas convencionais. Os resultados demonstraram que o efluente das lagoas, além da capacidade hídrica, possui nutrientes potencialmente aproveitáveis agronomicamente, podendo vir a constituir economia substancial em tais aplicações que, por outro lado, evitam a eutrofização das águas naturais.

sexta-feira, 9 de março de 2012

TRADIÇÃO DO CULTIVO DA UVA NIAGARA NO ESTADO DE SÃO PAULO

Priscilla R Silva; Adriana R Verdi; Vera Lúcia F S Francisco; Celma S L Baptistella
A uva Niagara Rosada, variedade comum de mesa mais cultivada e consumida no Brasil, teve seu berço em Jundiaí em 1933, operando, em pouquíssimo tempo, radical transformação na estrutura vitícola paulista. Neste artigo, a tradição da viticultura foi comprovada a partir dos informes datados de 1945, comparados com os dados de levantamentos censitários de 1998 a 2003. A viticultura nessa região vem sendo, nos últimos 60 anos, uma atividade agrícola típica de pequena propriedade, onde o uso de mão-de-obra familiar é característica local. Políticas públicas que venham a ser adotadas na região incidirão em grande porcentagem da população local.

Agricultores e comerciantes em São Paulo nos inícios do século XVIII: o processo de sedimentação da elite paulistana

Ilana Blaj


Estudos mais recentes sobre a vila de São Paulo no período colonial têm destacado seu grau de mercantilização crescente e a formação de uma sociedade rigidamente hierarquizada. Preten-de-se, tomando como baliza os inícios do século XVIII, apontar para a sedimentação de uma elite paulistana que concentra em suas mãos terras, escravos, produção agrícola, criação de gado e comércio e, que, através das relações patrimonialistas no âmbito da Coroa Portuguesa, consolida-se progres-sivamente no poder

A QUESTÃO DA DECISÃO DO PROPRIETÁRIO EM ARRENDAMENTO AGRÍCOLA: ESTUDO DE CASOS DE ITUVERAVA E MIGUELÓPOLIS, SÃO PAULO

Richard Domingues Dulley; Zuleima Alleoni Pires de Souza Santos

Esta pesquisa constitui um estudo de casos enfocando a questão da decisão do proprietário rural em arrendar suas terras a terceiros ou produzir nelas por conta própria e, dentro desse contexto,verificar porque predominam os contratos na base de confiança pessoal; de que modo o proprietário determina o guanto cobra pelo arrendamento de suas terras; e como evoluiria a prática do arrendamento em condições de taxa de juros e crédito favoráveis aos agricultores. Conclui-se que os proprietários entrevistados estão arraigados aos costumes de arrendar a terra na base de confiança pessoal, dando preferência a pessoas bem conhecidas. Isto decorre do significado que a propriedade de terra tem para eles como sinônimo de segurança, dificultando a "modernização" das suas relações com os arrendatários.